segunda-feira, 14 de julho de 2014

A mentira é uma verdade que deixou de acontecer!



Diz à lenda que uma tia mantinha pendurado na parede da sua sala, um chapéu e algumas vezes até uma chique bengala que pertencia ao seu marido.

Uma vizinha que nunca havia conhecido e nem mesmo visto este suposto marido, vivia frequentando a casa desta minha tia, reparando os “movimentos inertes” – movimentos das peças que sempre mudavam de lugar e inertes por estarem sempre sem uso. Que fique claro o significado de “movimentos inertes”.

Curiosa, um belo dia ela perguntou de quem era aquele chapéu, e a tia sempre muito bem humorada respondeu sem pestanejar:
- é do meu marido e ele está a viajar.

 A vizinha que visitava minha tia praticamente todos os dias, punha-se a observar o chapéu e a bengala que misteriosamente mudava de lugar, mesmo sabendo que o “marido” vivia em viagem.

O viajante tinha chapéu, tinha bengala, tinha casaco, viajava e tinha até nome. 

Minha tia - uma Lady (tia de Lord, lady é!) – contava causos sobre seu marido, dava boas e belas risadas que sacudia sua barriga como quem o admirava e o amava.

Faziam todos acreditarem em uma figura masculina, inteligente, trabalhadora e viajada.
Contava detalhes daquele homem admirável, praticamente um pai de família que não tinha filhos e nem tão pouco existiu.

Ainda não sei e pressuponho que ninguém nunca soube, se este homem/personagem foi um amor platônico; uma diversão e passa tempo, ou se era uma forma de alimentar a curiosidade de alguém interessada na vida alheia.

A mentira nem sempre prejudica, depende apenas da forma e finalidade que é criada. No caso desta, serviu como passatempo, diversão, romance, poder, e quem sabe uma forma de dizer o que sempre tivemos vontade de falar aos curiosos de plantão: 

Cuide da sua vida, porque cuidar da minha é perda de tempo.  
A verdade sobre minha vida pertence a mim e mais ninguém!
 Conto baseado em fatos reais!

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