Diz à lenda que uma tia mantinha pendurado na parede da sua sala, um chapéu e
algumas vezes até uma chique bengala que pertencia ao seu marido.
Uma vizinha que nunca havia
conhecido e nem mesmo visto este suposto marido, vivia frequentando a casa
desta minha tia, reparando os “movimentos inertes” – movimentos das peças que
sempre mudavam de lugar e inertes por estarem sempre sem uso. Que fique claro o
significado de “movimentos inertes”.
Curiosa, um belo dia ela
perguntou de quem era aquele chapéu, e a tia sempre muito bem humorada
respondeu sem pestanejar:
- é do meu marido e ele está a viajar.
- é do meu marido e ele está a viajar.
A vizinha que visitava minha tia praticamente
todos os dias, punha-se a observar o chapéu e a bengala que misteriosamente
mudava de lugar, mesmo sabendo que o “marido” vivia em viagem.
O viajante tinha chapéu, tinha
bengala, tinha casaco, viajava e tinha até nome.
Minha tia - uma Lady (tia de
Lord, lady é!) – contava causos sobre seu marido, dava boas e belas risadas que
sacudia sua barriga como quem o admirava e o amava.
Faziam todos acreditarem em uma
figura masculina, inteligente, trabalhadora e viajada.
Contava detalhes daquele homem admirável, praticamente um pai de família que não tinha filhos e nem tão pouco existiu.
Contava detalhes daquele homem admirável, praticamente um pai de família que não tinha filhos e nem tão pouco existiu.
Ainda não sei e pressuponho que ninguém
nunca soube, se este homem/personagem foi um amor platônico; uma diversão e
passa tempo, ou se era uma forma de alimentar a curiosidade de alguém
interessada na vida alheia.
A mentira nem sempre prejudica,
depende apenas da forma e finalidade que é criada. No caso desta, serviu como
passatempo, diversão, romance, poder, e quem sabe uma forma de dizer o que sempre
tivemos vontade de falar aos curiosos de plantão:
Cuide da sua vida, porque
cuidar da minha é perda de tempo.
A verdade sobre minha vida
pertence a mim e mais ninguém!
Conto baseado em fatos reais!
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